Fim da escala 6x1 pode impactar positivamente a saúde mental dos trabalhadores

No Brasil, o fim da jornada de 44 horas de trabalho semanais, também conhecida como escala 6x1 está em debate.

Conforme previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) , o esquema de trabalho 6x1 é comum em setores como comércio, bares, restaurantes, hotéis e administrativo.

Apesar de algumas pessoas considerarem a medida algo negativo para a economia, outros acreditam que isso impactará positivamente a saúde mental e física dos trabalhadores.

De acordo com a coordenadora do núcleo de Estudos de Comportamento Organizacional e Gestão de Pessoas do Insper, Tatiana Iwai, a comparação com experimentos feitos em locais que adotaram a escala 4x3, quatro dias de trabalho para três de descanso, ajudam a entender os efeitos para a saúde mental.

“Não houve prejuízo observado em termos de capacidade de entrega, em termos de cumprimentos de prazos”, observa Iwai.

Do ponto de vista da redução do estresse e da exaustão, os experimentos conduzidos apresentaram resultados interessantes.

Ainda de acordo com a gestora executiva do Movimento Mulher 360, Margareth Goldenberg, é um tipo de escala que reflete lideranças mais humanizadas.

Ela ainda diz que funcionários felizes, capazes de lidar com todas as dimensões da vida, refletem maior retenção e engajamento.

Além disso, pode-se ainda dizer que o debate sobre a escala 6x1 trouxe a chamada jornada dupla feita pelas mulheres que, além do trabalho remunerado, fazem as tarefas domésticas e de cuidados.

“A grande maioria na escala 6×1 ganha 1,5 salário mínimo”, diz Goldenberg. São, segundo ela, seis em cada dez mulheres negras nessa situação -e mais mulheres do que homens.

A especialista ainda afirma que o trabalho híbrido também entra nesse debate sobre flexibilidade que ajudaria as mulheres.

No entanto, o pesquisador da FGV-Ibre, Fernando de Holanda Barbosa Filho, aponta que o fim da jornada 6×1 pode criar uma situação de insegurança econômica.

“Se você reduzir o tempo de trabalho, precisa aumentar a produtividade”, diz.

Barbosa Filho ainda questiona se as empresas têm capacidade de absorver um aumento de custo de 20%, que ocorreria se a escala 6x1 fosse reduzida com a manutenção dos salários.

Fonte: Contábeis


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