Sem fronteiras: centenas de portos clandestinos estão nas mãos do crime organizado brasileiro

No último 20 de dezembro, policiais militares do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) do Paraná, em ação integrada com policiais federais, patrulhavam uma região banhada pelo lago de Itaipu quando avistaram uma embarcação próxima à margem. O trecho do rio Paraná é conhecido por acomodar os chamados portos clandestinos em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai.
“O piloto (ao perceber o patrulhamento) retornou com a embarcação para o lado paraguaio. Em buscas na área de mata foi encontrado um fardo contendo substância análoga à maconha”, descreve a PM. O condutor da embarcação fugiu, carga e veículo foram apreendidos.

Poucos dias antes, policiais do BPFron e da PF encontraram uma embarcação abandonada em outro porto clandestino, na cidade de Guaíra (PR), distante 200 quilômetros de Foz do Iguaçu e também margeada pelo lago de Itaipu, na fronteira com o Paraguai. A lancha de seis metros estava equipada com um motor bastante potente, os preferidos dos criminosos que trafegam em altíssima velocidade pelo rio Paraná para fugir de fiscalizações. “No interior da embarcação foram encontrados aproximadamente 17 fardos contendo uma substância análoga à maconha, totalizando 194,5 quilos”, conta a PF.


Ainda no início de dezembro, as forças de segurança identificaram a aproximação de um veículo em área de porto clandestino. Na tentativa de abordagem, o motorista fugiu e abandonou o veículo em uma plantação. Dentro do veículo, vários fardos com 427 quilos de maconha
São estruturas rudimentares, criadas pelas quadrilhas às margens do rio Paraná, por todo o lago de Itaipu. Na fronteira com o Paraguai, a criminalidade aquática se tornou peça-chave para escoamento de produtos que abastecem o mercado ilegal brasileiro. As rotas pela água têm facilitado a entrada de armas, drogas e munições no país, além do mercado bilionário de cigarros e eletrônicos, em práticas criminosas operadas também por facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).

“Para fugir da fiscalização por terra na travessia da fronteira, muitos criminosos passaram a utilizar lanchas e embarcações potentes pelo rio. Em determinados pontos, em dois, três minutos deixam o Paraguai e chegam ao Brasil, onde atracam na mata, descarregam as lanchas e retornam para fazer tudo novamente”, conta o delegado-chefe da Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu, Marco Smith.


O avanço criminoso pelo lago de Itaipu tem exigido intensificação na fiscalização. Criminosos experientes na fronteira utilizam, inclusive, canais nas redes sociais para descrever a prática criminosa e ensinar os que desejam se aventurar no mercado bilionário da ilegalidade.
 

Fonte: www.gazetadopovo.com.br 


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